terça-feira, agosto 31, 2010

Afinal

No fim do mundo, do alto de todos os saberes, eu apenas gostaria de sentir e nada saber.
E olhar para baixo, para os ignorantes que sorriem entre o sol e o rebanho, e invejá-los impiedosamente.
Mas eu sou apenas uma diminuta forma, um copo metade vazio. Eu nada sei e nada sinto em plenitude. Tudo o que fica é uma cosquinha, uma idéia, uma saudade.
Quantos goles atropelados em busca de moléstias, as quais eu não posso pagar por vida vivida?
Vida vivida sim, porque a vida sonhada eu conheço bem.

Quantas vezes olhei para as estrelas, e inquietamente me perguntei,
- "Da onde vieram?"
(Quantas vezes não olhei para as estrelas, justamente por não saber da onde vieram).
- "Desisto, a maioria está morta, nos enganam com luzes enterradas no espaço-tempo".
E por um segundo deixei de saber e apenas senti. Olhei novamente e a única coisa que me ocorreu foi,
- "Oh!"
Entre pouco e quase nada, a estrela passou a existir quando eu a olhei.
Quando as observei com os olhos, com a alma de um mortal, com a ciência de um curandeiro, com a filosofia de um cansado.

E eu sorri admirando os pequeninos defuntos brilhantes, os mais belos que já vislumbrei. Tudo existiu, e eu enfim senti todas as coisas - e as coisas me sentiram pela primeira vez.

4 comentários:

Fer =) disse...

;/

Camila P. disse...

tudo aqui é um pulsar frenético de vida.
gosto muito...

Anônimo disse...

Acredito que erramos quando o olhar simplista é deixado de lado, quando de forma frenética procuramos respostas ao que sentimos e principalmente quando nos preocupamos demasiadamente com o futuro, pois sendo assim corremos o risco de renunciar ao presente. Esse seria um erro que os ignorantes não cometem, talvez por isso sejam mais felizes!

Muito bom seu texto...

F., Manoela disse...

Caro Anônimo,

me felicito que compreendestes tão bem as minhas tortuosas palavras.
uma pena que permaneça no anonimato!

abraços.