sábado, janeiro 08, 2011

Os meus olhos estão baixos
E em mim sinto todo o peso do Mundo,
da Natureza, dos rebanhos vivos e do Universo.
Penso em meio desta modorra inquieta
nos mitos de criação,
nos homens antigos e igualmente perturbados,
e já não encontro nenhuma diferença entre o que eu sei dos livros e
de alguma vida vivida.
O verso, o multiverso, as cordas, as supercordas, o cubo, o hipercubo...
Quantas coisas já inventaram para explicar todo o pesar da alma?
Quantas dimensões são necessárias para acalmar o buraco negro
que há em cada silêncio adoecido?
E dentro, um Universo inteiro agitado, confuso, soturno,
que dilata e contrai,
assim como o tempo e o espaço.
O tempo infinito de cada sonho inesgotável,
o espaço das vísceras encolhendo-se para gerar um novo espaço..

Sou um Universo cheio de matéria e espaço vazio,
mais espaço vazio do que matéria..
Sou isso e aquilo, mas sei que no fundo
sou o desconhecido, o etéreo, o efêmero, o sombrio,
assim como todas as coisas o são.
Tenho em mim colidindo aos ventos de minha alma
toda a vontade de potência, toda a revolução preguiçosa,
o novo dia que há por vir e que ainda não deu as caras..
Ah, o porvir..

Deixo para amanhã..
Deixo para os deuses, sabe-se lá quem são,
Deixo para o código oculto da Natureza,
sabe-se lá se existe.
Deixo para toda a assimetria do Cosmos,
essa dança imperfeita da vida,
consciência íntima das coisas..

Porque dentro de mim resta a solidão perante o imenso dos céus
e quando olho para os planetas vizinhos, para o Infinito da noite terrível,
não há esperança de vida extracorpórea alguma,
apenas o cansaço dos sentidos e um sono profundo de mim.

Ah, o porvir..