sexta-feira, junho 08, 2012

A meia-noite amanhece dentro de mim
E com ela, a silhueta das sombras perenes
Leves, iluminam todas as frestas de sonhos-retalhos
Irreais, incertos, irreconhecíveis.

Ah! Chorei, parti, neguei
E o que ficou em mim foi apenas uma ideia de tudo isso:
a sombra do que eu senti naqueles tempos
Porque a coisa em si, a dor em si, o frio inerte
eu já não sinto mais.

E, quando enfim retomada a lucidez,
Repousa o esboço de um suspiro
Insipirado em tudo o que eu não vivi.
Injustiçada que fui, agora vivo duas vezes mais:
o que deveria ter sido e o que nunca permitiu-se ser.

Desperto no meio de um sono profundo
e presencio uma alma
que grudou do lado de fora do corpo
ocupando o Mundo como matéria inorgânica.
Depois volto a dormir com a mesma ideia de algo
que nunca passou de um delírio desesperado
em uma alma desavisada  - que perdeu-se do corpo.