terça-feira, março 30, 2010

Saudade

Pergunto-me quantos pedaços partidos no mundo já escreveram sobre a saudade. Cem, duzentos, milhões, bilhões? Talvez eu me arrisque a dizer que todas as pessoas do mundo, as quais vivam tempo suficiente para chorar memórias, um dia escreverão sobre a saudade. Não precisa ser em composições pontuadas e românticas; cansadas e tristes. Um rabisco no último papel da agenda, um traço preguiçoso no papel de pão. Para os iletrados, uma ilustração escoltada no bolso.
Hoje eu serei uma entre todas as pessoas no mundo, que de acordo com a minha estatística vil, um dia escreverão sobre a saudade. Já nem sei quantas vezes em minha vida desenhei letras, números, rabiscos e até chifres destinados a traduzir a lacuna entre os dois hemisférios de mim: ontem e amanhã. Mas sei que quando ponho-me a escrever é porque deixei de fingir e acordei-me para dentro.
Que longe está a primavera.
- Ah, que saudade!