segunda-feira, setembro 13, 2010

Locomotiva

Por agora eu apenas comprei o bilhete de ida
e vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos,
vi em plenitude o Universo todo me abraçando
quando saltaram-me da face os monóculos.

Para me sentir, precisei sentir tudo.
E todas as horas são minhas,
cada vez menos depressa.

3 comentários:

Fernando César disse...

Isso tudo me lembra uma frase de um filósofo francês [que gosto muito!] "Cada consciência tem em si uma aspiração insatisfeita, pois que tem o infinito por objeto." Louis Lavelle.
Uma plenitude vislumbrada, mas não atingida. Sentida quando nos situamos no cosmos, e misteriosa como toda luz que não conseguimos apreender completamente. E mais uma do Lavelle pra finalizar, "A consciência só consegue o equilíbrio e a segurança ao alimentar o olhar no infinito, em vez de fazer deste um perpétuo além." =]

Anônimo disse...

Eis me aqui novamente...
Quantas aflições passamos por nossa vida vivida; se não bastasse ainda somos atormentados pela vida idealizada, da qual nossos sonhos e ambições nos impulsionam a buscar sempre o melhor, sem que ao menos sabemos o que de fato seja melhor!
O risco quando compramos somente "o bilhete de ida", presumo, resume-se no tempo de espera para poder voltar ou na perca do que antes talvez tivessemos, visto que o tempo não nos perdoa... Eis as incertezas da vida vivida da qual jamais fugiremos...
Pessoalmente me amedronta a ideia de ter todas as minhas horas a meu dispor, seria injusto comigo mesmo...

Mais uma vez, muito bom texto!

Abraços...

Camila P. disse...

lembra-me Fernando Pessoa.

lindo!