terça-feira, fevereiro 06, 2007

Já faz muito tempo que perdi a inspiração. Não sei se estou crescendo, ou morrendo. Talvez tenha me conformado que o céu é azul e que, por mais que eu tente, nunca vou conseguir tingí-lo de dourado. O céu é de todos, alguns gostam do azul. Acho que somos como pérolas da mesma cor, da mesma forma, e só brilha quem quer.
E eu cansei de tentar encontrar um brilho na múltidão do colar de contas, aquela luz que eu invento perante os meus olhos, mas que não existe - é onda eletromagnética sem massa, sem vida.
Meus amigos, isso não é pessimismo. Não quero preencher o vazio que todo humano porta na alma com o vazio da mente. Talvez simplesmente insistimos no mesmo jardim, que não floresce nem no primeiro semestre, nem no segundo. Mas regamos, com a água do suor, com cada gota que pinga e escorre dos olhos. Quem já foi na mais perfeita botânica jamais vai querer voltar à plantação de trigo. E eu só vou em sonhos e em crenças sofismáticas, porque a vida é tão surreal.
Isso não é decepção. Longe de mim, meus caros, não tenho nem meia-vida. É apenas uma confissão que quero ser como vocês, parte do mundo e das pessoas, e não reformadora.
Mas sabem, o sangue corre forte. E algo pulsa tão forte que ejeta da garganta, eu preciso vomitar. Algo dentro de mim não se anestesia com essa superficialidade, e então, eu grito.
"Abdico da minha humanidade."
Pelo contrário, abdico da desumanidade. As pessoas se tornaram parafusos metálicos e maciços, que simplesmente giram para o mesmo lado na hora de dar as voltas. A superficialidade é desumana. A robotização do homem também. Não é mais simples encontrarmos humanos, o que vejo são máquinas de idiotização ou aquelas em que é só colocar um dinheirinho que funciona.
Cadê a alma, o cérebro, a capacidade de crítica?
Isso arde.
Passo o dia com a frase de uma velha música na cabeça:
"We don't talk about love, we only want to get drunk".
Oh yeah, mutcho loucos.
E vazios.

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