No auge da minha juventude
Em que sou nova o suficiente pra delirar que sei das coisas
Tenho em mim coexistindo o avesso e o lado certo.
Colidem, batem, sacodem, estouram, fundem-se.
Verdadeiramente
não se pode ter duas coisas inconsiliáveis ao mesmo tempo.
Para isso, é melhor não ter nenhuma.
Porque duas coisas partidas ao meio
nunca serão uma coisa por inteiro.
Ter duas coisas pela metade
é não ter isso nem aquilo,
é não ter coisa alguma e ainda esticar-se para lidar com isso.
É não pintar sonhos, costurar planos,
porque dois sonhos pela metade não são um -
nem meio, nem um vento sequer pra contar história.
É como poder ter somente metade do tempo para dormir,
metade do tempo para estar acordando,
metade do copo para tomar água.
E no fim, a sensação de ressaca da noite,
a perda do calor do dia, a sede interminável.
Não poder doar-se para o que é pleno em si
é como olhar e não ver,
sentir sem vida,
chorar sem lágrimas.
É como uma rosa que é rosa mas não tem botão.
O calor denso que queima mas não aquece.
Ser pela metade é ainda pior do que ter pela metade.
Afinal
Estou virada do avesso.
Puxa! E não é que este é o meu lado certo?
A loucura é a expressão dos vivos.
Search
Seguidores
Quem sou eu
- F., Manoela
- Uma vírgula entre duas frases. O ponto é o limite que eu ultrapasso [...] Nasci para, incansavelmente, complementar o que já concluí.
Um comentário:
Amada... Vc sempre foi um tanto esquisita. E sempre será. (os normais são uns loucos chatos)
Postar um comentário