Deixei uma perna e esqueci que ainda tinha a outra.
Oras, acabaram-se as desculpas -
terei que mover-me, mesmo que tortuosamente.
Mas hoje poderia esperar o trem sem pressa.
Somente esperar, porque não iria a lugar algum.
E ainda sem pressa, acabaram-se os versos,
e tudo que ficou foi um vento bêbedo em meu ouvido
e um mistério do outro lado da máscara.
Versos íntimos, íntimos versos soam na noite.
Mas, íntimos de quem?
Enquanto os olho discretamente, eles me lêem.
O verso preocupado em entender,
e eu procurando sentí-lo.
Ah, versos não-íntimos!
Deixou o peso do Mundo cair sobre mim;
Dormir? Não. Vou contar as horas para não notar
a passagem delas gozarem o meu senso.
E no fim do verso, eu não sei. Melhor assim.
Pior seria ter certeza. Aí não haveria mais horas pra contar,
Não haveria mais como escandalizar a intimidade dos versos,
Nem poderia rir-me dos burros de carga que carregam
todas aquelas enciclopédias - para que no fim do dia
se possa dizer que sabe das cousas.
A noite passa e eu ainda me amorteço com a temperatura sóbria.
E prossigo na espera pela intimidade dos versos não-íntimos.
Criei um laço para acomodá-los, mas temo que na alma terrível
das letras e dos sentidos,
vire nó .
A loucura é a expressão dos vivos.
quarta-feira, novembro 09, 2011
domingo, outubro 23, 2011
Que é o amor?
O amor quando partido ao meio é um,
Quando partido pra sempre, é vários,
Quando memória, é o Universo todo.
E mais nada sei sobre isso.
Acorda-se no dia seguinte porque o amor
anterior não foi compreendido.
Dorme-se profundamente porque, ao fim do dia,
o amor é um cansaço em estado de latência.
O amor quando partido ao meio é um,
Quando partido pra sempre, é vários,
Quando memória, é o Universo todo.
E mais nada sei sobre isso.
Acorda-se no dia seguinte porque o amor
anterior não foi compreendido.
Dorme-se profundamente porque, ao fim do dia,
o amor é um cansaço em estado de latência.
quarta-feira, setembro 14, 2011
Conversam o Louco e a Loucura
O Louco:
"Uma porta se abre,
e o corpo enfermo fecha.
São janelas da alma que murmuram algo
pouco expressivo
E põem-se a mostrar uma fresta.
Mas de minúcias já estamos enebriados,
Queremos as persianas engolindo o Sol,
e queremos o Sol engolindo as nossas
sombras.
Tem dias que menos é mais
E fraqueza é implorar ao Sol
para cobrir os buracos dos olhos,
para desesperadamente evidenciar alguma coisa
de alguma fresta
perdida em Si".
A loucura:
"Mas diga-me, delírio, quantas palavras são
necessárias para compor um verso?
Dai-me as tuas frestas que até eu,
completamente inútil e vil,
apontarei algo que nem o Sol
e coisa alguma,
somente os teus olhos enfermos e esburacados,
alcançam:
Teu próprio exército.
E, inalcançavel que são,
Apenas os teus olhos secos e moribundos
poderão combatê-lo.
Antes de pretender conquistar o Mundo
Vença a ti mesmo".
Assim falou a loucura. E o louco não entendeu. O louco e a loucura não se entenderam.
"Uma porta se abre,
e o corpo enfermo fecha.
São janelas da alma que murmuram algo
pouco expressivo
E põem-se a mostrar uma fresta.
Mas de minúcias já estamos enebriados,
Queremos as persianas engolindo o Sol,
e queremos o Sol engolindo as nossas
sombras.
Tem dias que menos é mais
E fraqueza é implorar ao Sol
para cobrir os buracos dos olhos,
para desesperadamente evidenciar alguma coisa
de alguma fresta
perdida em Si".
A loucura:
"Mas diga-me, delírio, quantas palavras são
necessárias para compor um verso?
Dai-me as tuas frestas que até eu,
completamente inútil e vil,
apontarei algo que nem o Sol
e coisa alguma,
somente os teus olhos enfermos e esburacados,
alcançam:
Teu próprio exército.
E, inalcançavel que são,
Apenas os teus olhos secos e moribundos
poderão combatê-lo.
Antes de pretender conquistar o Mundo
Vença a ti mesmo".
Assim falou a loucura. E o louco não entendeu. O louco e a loucura não se entenderam.
domingo, julho 31, 2011
Eu vejo, desta janela escura, o sonho dos outros esfalecerem-se em minha frente. Vejo, sinto pelos outros. E pergunto o que há de errado comigo em amar tanto todas as coisas. Claro, sem puritanismos: quando ama-se, odeia-se também. Mas prefiro falar de amor ao ódio.
Ora, por quê vira-te assim? Não costumo falar de amor, porque o amor não fala de mim. Mas venho tentado compreender essa relação simbiótica entre meus olhos e a essência de tudo. Amo tanto a vida, sinto tanto as coisas, que há um pesar constante dentro de mim. Um cansaço inerente, um tombo na alma, que apesar de toda a minha ânsia frenética, há sempre uma preguiça de Ser. E às vezes, paradoxalmente, por amar tanto tudo, não quero acordar pela manhã, quero permanecer estática em um mundo calmo do outro lado de mim. E às vezes, ainda, quero ficar em silêncio e ver se assim me desuno da Natureza. Mas sempre tenho que levantar da cama, e quando expiro, já me entreguei à vida, e a Natureza colou-se em mim com mais feitio.
Eu vejo, desta janela escura, a morte dos sonhos dos outros. Eu observo o cadáver que ficou em cada um, e pergunto-me onde estão os meus próprios cadáveres. Olho pra dentro, da janela escura da alma, e encontro tudo aquilo que eu amei em outra vida. Porque o amor pelas coisas, com o passar e o pesar do tempo, transforma-as em defuntos, apenas pra organizar a entropia. É um amor em estado de latência, de potência, uma mola comprimida, pra caber mais amor. São cadáveres empilhados pra dar lugar a novos cadáveres. Porque o amor é assim, cria e descria, dá e tira. E de um jeito engraçado temos que lidar com isso.
E quando dou por mim, já senti tudo nas mãos e também já ficaram vazias. Já senti a areia escorrendo por entre os dedos, sobrando apenas o meu calor. Já senti a respiração partindo, e o ar de dentro sendo insuficiente. Mas também, logo o meu calor transforma-se em vida, e a minha respiração falha em fonte. Logo as minhas mãos preenchem-se novamente de idéias, o dinamismo profundo de amar.
Rio-me e sei que às vezes choro. Mas se é assim, é porque ainda não presenciei a morte dos meus sonhos. É porque, ao ver pela janela escura, defronte da luz um pouco mais adiante, sei que talvez um dia eu seja testemunha deste assassinato - mas ainda a vida me é uma quimera por essência.
Ora, por quê vira-te assim? Não costumo falar de amor, porque o amor não fala de mim. Mas venho tentado compreender essa relação simbiótica entre meus olhos e a essência de tudo. Amo tanto a vida, sinto tanto as coisas, que há um pesar constante dentro de mim. Um cansaço inerente, um tombo na alma, que apesar de toda a minha ânsia frenética, há sempre uma preguiça de Ser. E às vezes, paradoxalmente, por amar tanto tudo, não quero acordar pela manhã, quero permanecer estática em um mundo calmo do outro lado de mim. E às vezes, ainda, quero ficar em silêncio e ver se assim me desuno da Natureza. Mas sempre tenho que levantar da cama, e quando expiro, já me entreguei à vida, e a Natureza colou-se em mim com mais feitio.
Eu vejo, desta janela escura, a morte dos sonhos dos outros. Eu observo o cadáver que ficou em cada um, e pergunto-me onde estão os meus próprios cadáveres. Olho pra dentro, da janela escura da alma, e encontro tudo aquilo que eu amei em outra vida. Porque o amor pelas coisas, com o passar e o pesar do tempo, transforma-as em defuntos, apenas pra organizar a entropia. É um amor em estado de latência, de potência, uma mola comprimida, pra caber mais amor. São cadáveres empilhados pra dar lugar a novos cadáveres. Porque o amor é assim, cria e descria, dá e tira. E de um jeito engraçado temos que lidar com isso.
E quando dou por mim, já senti tudo nas mãos e também já ficaram vazias. Já senti a areia escorrendo por entre os dedos, sobrando apenas o meu calor. Já senti a respiração partindo, e o ar de dentro sendo insuficiente. Mas também, logo o meu calor transforma-se em vida, e a minha respiração falha em fonte. Logo as minhas mãos preenchem-se novamente de idéias, o dinamismo profundo de amar.
Rio-me e sei que às vezes choro. Mas se é assim, é porque ainda não presenciei a morte dos meus sonhos. É porque, ao ver pela janela escura, defronte da luz um pouco mais adiante, sei que talvez um dia eu seja testemunha deste assassinato - mas ainda a vida me é uma quimera por essência.
terça-feira, julho 26, 2011
Fisioverborragia
Céus, que repulsão!
Engoli três versos e cuspi dois. Este, naufragado, cambaleia em alguma parte de mim; e já bêbado dos meus vícios costura os alvéolos que, coloquialmente cansados, terminam onde inicia a boca do estômago - a porta em que tudo vem e vai, o medo e o vazio, o tudo e o nada, o verbo na ponta da língua e o silêncio nas nascentes da poesia .
Engoli três versos e cuspi dois. Este, naufragado, cambaleia em alguma parte de mim; e já bêbado dos meus vícios costura os alvéolos que, coloquialmente cansados, terminam onde inicia a boca do estômago - a porta em que tudo vem e vai, o medo e o vazio, o tudo e o nada, o verbo na ponta da língua e o silêncio nas nascentes da poesia .
sexta-feira, julho 15, 2011
Certamente
se eu contasse para o Neves da padaria, bem como para a sua mulher e dois filhos também, me olhariam fixo com a face esbugalhada e diriam: "Você é louca? Não está vendo?". E de certeira quando me olho de fora, quando tiro todas as máscaras e finjo não ser eu, pergunto a mesma coisa que o Neves e seu rebanho. Tudo é óbvio e equacionável.
Mas quando olho para mim, quando me volto para dentro, nada é tão claro assim. O que havia tomado solução inteira passa a questionar as premissas. A minha dedução torna-se indução.
Eis a maior cegueira: se me volto para dentro, os desejos passam a fazer parte da minha ideia de realidade e, terrivelmente, a modificá-la.
[...]
De repente me esboço frente ao espelho. Quantos olhos eu já julguei insanos quando acreditaram nas minhas falácias? Quantas vidas eu já julguei primitivas por incorporarem uma ideia aparentemente absurda?
Hoje eu vejo que apenas se voltaram para dentro enquanto eu, verdadeiramente estúpida, tentava moldar o que estava fora. Hoje eu sou uma dessas pessoas, assim como todos o são. Eu sempre fui, assim como todos sempre foram.
Cética? Só quando não é comigo. Centrada? Só quando é pra falar do outro, e não de mim.
[...]
Esboço-me no espelho mais uma vez.
Eu quero nascer de novo dentro de mim, de um jeito novo, à parte de tudo e sendo parte de tudo. Quero ir para a direita e ver como teria sido.. atravessar a rua em um dia qualquer em meio a um tormento e ver se isso mudaria a minha vida. Contar histórias inéditas e ver se isso mudaria o meu senso de mim. Ter sorrido mais vistosamente naquele momento e ver se isso teria trazido calamidade.
Eu queria morrer para ver como é, e se não fosse gracioso, voltar como se nada tivesse acontecido. Eu queria nascer para ver como é, e se não fosse leve, voltar como se nada tivesse acontecido.
Por quê as coisas têm apenas uma via? Por quê não é possível passear pelos dois lados? Por quê viver com o ceticismo do vizinho e não poder voltar e contar a história certa?
Sinto um cansaço de mim e de tudo.
E volto-me para fora de novo, com um olhar de um desenhista, com a ironia do destino. E tudo o que eu vejo são risos indecifráveis e provérbios que eu jamais escutei.
Mas eu não respondi, não matei e nem dei razão.
Fingi que não era comigo. Fingi não ser eu. E quando me deparei novamente frente ao espelho, senti vergonha de mim.
Mas quando olho para mim, quando me volto para dentro, nada é tão claro assim. O que havia tomado solução inteira passa a questionar as premissas. A minha dedução torna-se indução.
Eis a maior cegueira: se me volto para dentro, os desejos passam a fazer parte da minha ideia de realidade e, terrivelmente, a modificá-la.
[...]
De repente me esboço frente ao espelho. Quantos olhos eu já julguei insanos quando acreditaram nas minhas falácias? Quantas vidas eu já julguei primitivas por incorporarem uma ideia aparentemente absurda?
Hoje eu vejo que apenas se voltaram para dentro enquanto eu, verdadeiramente estúpida, tentava moldar o que estava fora. Hoje eu sou uma dessas pessoas, assim como todos o são. Eu sempre fui, assim como todos sempre foram.
Cética? Só quando não é comigo. Centrada? Só quando é pra falar do outro, e não de mim.
[...]
Esboço-me no espelho mais uma vez.
Eu quero nascer de novo dentro de mim, de um jeito novo, à parte de tudo e sendo parte de tudo. Quero ir para a direita e ver como teria sido.. atravessar a rua em um dia qualquer em meio a um tormento e ver se isso mudaria a minha vida. Contar histórias inéditas e ver se isso mudaria o meu senso de mim. Ter sorrido mais vistosamente naquele momento e ver se isso teria trazido calamidade.
Eu queria morrer para ver como é, e se não fosse gracioso, voltar como se nada tivesse acontecido. Eu queria nascer para ver como é, e se não fosse leve, voltar como se nada tivesse acontecido.
Por quê as coisas têm apenas uma via? Por quê não é possível passear pelos dois lados? Por quê viver com o ceticismo do vizinho e não poder voltar e contar a história certa?
Sinto um cansaço de mim e de tudo.
E volto-me para fora de novo, com um olhar de um desenhista, com a ironia do destino. E tudo o que eu vejo são risos indecifráveis e provérbios que eu jamais escutei.
Mas eu não respondi, não matei e nem dei razão.
Fingi que não era comigo. Fingi não ser eu. E quando me deparei novamente frente ao espelho, senti vergonha de mim.
domingo, julho 10, 2011
domingo, junho 19, 2011
Inconstância
Sou eu, e uma confusão inquieta de disparos e silêncio.
Sou eu, uma floresta inteira de pensamentos, um furacão vil de sonhos,
e mais silêncio.
Mas e se não fosse eu, o quê seria?
Quantos sonhos e florestas e furacões teriam dentro de mim?
Quantas noites eu poderia dormir verdadeiramente dormidas sem contar por horas
tudo aquilo que eu ainda não fui na vida?
Quantas respirações verdadeiramente pausadas e desaceleradas de tudo,
realmente desapegadas de tudo,
eu enviaria ao mundo por minuto?
Por quanto tempo eu conseguiria ser eu, sem ser fadada ao tédio,
sem proliferar a inquietude indômita em minha insensatez?
Ah, mas sou eu. E comigo, não tem jeito.
Serei sempre a doente, a enferma do próprio fluxo e pulsar
descontínuo da alma.
Serei sempre quem não tem medo, quem não desiste,
e por isso tem todo o medo de começar para não ter que chegar ao fim.
Serei a exausta, a que suspira desejando pensamentos que não sejam à parte
do meu corpo, da minha existência, da minha idéia de realidade.
Porque a realidade é uma idéia dela.
Serei eu, que nunca estarei onde gostaria de estar,
porque no instante em que eu quis estar já me invadiu outra vontade
de Ser.
Essa confusão inquieta, submissa às idéias de tudo, que têm planos próprios
e não me deixam contar anedotas descompromissadamente frente ao espelho...
Um êxtase que vêm como um vento, um vento forte que sopra
a luz dos meus olhos e depois parte sem nenhum receio moral do que ficou.
Tudo em mim é efêmero, tudo é tudo e nada.
Tudo começa com o peito alvoroçado saltando ao corpo,
e torna-se uma farsa, um eboço mal desenhado de mim.
Tudo começa fadado ao fim de mim. Porque sou eu, uma confusão inquieta.
Será que se não fosse eu uma hora dessas estaria
desabotoando flores em um campo qualquer?
Será que teria apenas um amor até o fim da vida,
que conseguiria esgotar todos os diálogos e mesmo
cega, surda e muda seria até o fim da vida?
Será que frente aos meus olhos cansados e à pouca graça
que o mundo sorri às vezes, eu estaria ainda desabotoando
rosas?
Mas sou eu. Não tem jeito.
Que modorra..
Sou eu, uma floresta inteira de pensamentos, um furacão vil de sonhos,
e mais silêncio.
Mas e se não fosse eu, o quê seria?
Quantos sonhos e florestas e furacões teriam dentro de mim?
Quantas noites eu poderia dormir verdadeiramente dormidas sem contar por horas
tudo aquilo que eu ainda não fui na vida?
Quantas respirações verdadeiramente pausadas e desaceleradas de tudo,
realmente desapegadas de tudo,
eu enviaria ao mundo por minuto?
Por quanto tempo eu conseguiria ser eu, sem ser fadada ao tédio,
sem proliferar a inquietude indômita em minha insensatez?
Ah, mas sou eu. E comigo, não tem jeito.
Serei sempre a doente, a enferma do próprio fluxo e pulsar
descontínuo da alma.
Serei sempre quem não tem medo, quem não desiste,
e por isso tem todo o medo de começar para não ter que chegar ao fim.
Serei a exausta, a que suspira desejando pensamentos que não sejam à parte
do meu corpo, da minha existência, da minha idéia de realidade.
Porque a realidade é uma idéia dela.
Serei eu, que nunca estarei onde gostaria de estar,
porque no instante em que eu quis estar já me invadiu outra vontade
de Ser.
Essa confusão inquieta, submissa às idéias de tudo, que têm planos próprios
e não me deixam contar anedotas descompromissadamente frente ao espelho...
Um êxtase que vêm como um vento, um vento forte que sopra
a luz dos meus olhos e depois parte sem nenhum receio moral do que ficou.
Tudo em mim é efêmero, tudo é tudo e nada.
Tudo começa com o peito alvoroçado saltando ao corpo,
e torna-se uma farsa, um eboço mal desenhado de mim.
Tudo começa fadado ao fim de mim. Porque sou eu, uma confusão inquieta.
Será que se não fosse eu uma hora dessas estaria
desabotoando flores em um campo qualquer?
Será que teria apenas um amor até o fim da vida,
que conseguiria esgotar todos os diálogos e mesmo
cega, surda e muda seria até o fim da vida?
Será que frente aos meus olhos cansados e à pouca graça
que o mundo sorri às vezes, eu estaria ainda desabotoando
rosas?
Mas sou eu. Não tem jeito.
Que modorra..
quinta-feira, maio 19, 2011
Da metamorfose
Até hoje eu conheci muitas bestas de carga, alguns leões e nenhuma criança. Êh Zaratustra, em que mundo vives?
quinta-feira, março 10, 2011
Imperfeição
A realidade é um espaço vazio de Universos em processos cíclicos de criação, expansão e aniquilamento.
Planetas que se criam, descriam, descobrem-se e mudam de posição hierárquica.
- Planetas anões, satélites, cometas, Éris e Plutão.
A realidade é um espaço vazio em meio à assimetria e imperfeição da história. Da História.
A realidade é um paradoxo de quem desafia, sonha e por isso tem história.
É uma lacuna vaga e curvelínea do Ser, um preto e branco sem cor, vida, mensuração ou forma.
É uma idéia, uma idéia que muda de posição hierárquica, de posição espacial, de posição (a)temporal e de plenitude.
Não há plenitude. Há uma idéia.
A realidade é uma forma de se dormir melhor. De conhecer o mundo inteiro antes de levantar da cama. De criar e (as)sumir.
De (man)ter uma idéia de si, das coisas e do resto do caos.
Planetas que se criam, descriam, descobrem-se e mudam de posição hierárquica.
- Planetas anões, satélites, cometas, Éris e Plutão.
A realidade é um espaço vazio em meio à assimetria e imperfeição da história. Da História.
A realidade é um paradoxo de quem desafia, sonha e por isso tem história.
É uma lacuna vaga e curvelínea do Ser, um preto e branco sem cor, vida, mensuração ou forma.
É uma idéia, uma idéia que muda de posição hierárquica, de posição espacial, de posição (a)temporal e de plenitude.
Não há plenitude. Há uma idéia.
A realidade é uma forma de se dormir melhor. De conhecer o mundo inteiro antes de levantar da cama. De criar e (as)sumir.
De (man)ter uma idéia de si, das coisas e do resto do caos.
sábado, janeiro 08, 2011
Os meus olhos estão baixos
E em mim sinto todo o peso do Mundo,
da Natureza, dos rebanhos vivos e do Universo.
Penso em meio desta modorra inquieta
nos mitos de criação,
nos homens antigos e igualmente perturbados,
e já não encontro nenhuma diferença entre o que eu sei dos livros e
de alguma vida vivida.
O verso, o multiverso, as cordas, as supercordas, o cubo, o hipercubo...
Quantas coisas já inventaram para explicar todo o pesar da alma?
Quantas dimensões são necessárias para acalmar o buraco negro
que há em cada silêncio adoecido?
E dentro, um Universo inteiro agitado, confuso, soturno,
que dilata e contrai,
assim como o tempo e o espaço.
O tempo infinito de cada sonho inesgotável,
o espaço das vísceras encolhendo-se para gerar um novo espaço..
Sou um Universo cheio de matéria e espaço vazio,
mais espaço vazio do que matéria..
Sou isso e aquilo, mas sei que no fundo
sou o desconhecido, o etéreo, o efêmero, o sombrio,
assim como todas as coisas o são.
Tenho em mim colidindo aos ventos de minha alma
toda a vontade de potência, toda a revolução preguiçosa,
o novo dia que há por vir e que ainda não deu as caras..
Ah, o porvir..
Deixo para amanhã..
Deixo para os deuses, sabe-se lá quem são,
Deixo para o código oculto da Natureza,
sabe-se lá se existe.
Deixo para toda a assimetria do Cosmos,
essa dança imperfeita da vida,
consciência íntima das coisas..
Porque dentro de mim resta a solidão perante o imenso dos céus
e quando olho para os planetas vizinhos, para o Infinito da noite terrível,
não há esperança de vida extracorpórea alguma,
apenas o cansaço dos sentidos e um sono profundo de mim.
Ah, o porvir..
E em mim sinto todo o peso do Mundo,
da Natureza, dos rebanhos vivos e do Universo.
Penso em meio desta modorra inquieta
nos mitos de criação,
nos homens antigos e igualmente perturbados,
e já não encontro nenhuma diferença entre o que eu sei dos livros e
de alguma vida vivida.
O verso, o multiverso, as cordas, as supercordas, o cubo, o hipercubo...
Quantas coisas já inventaram para explicar todo o pesar da alma?
Quantas dimensões são necessárias para acalmar o buraco negro
que há em cada silêncio adoecido?
E dentro, um Universo inteiro agitado, confuso, soturno,
que dilata e contrai,
assim como o tempo e o espaço.
O tempo infinito de cada sonho inesgotável,
o espaço das vísceras encolhendo-se para gerar um novo espaço..
Sou um Universo cheio de matéria e espaço vazio,
mais espaço vazio do que matéria..
Sou isso e aquilo, mas sei que no fundo
sou o desconhecido, o etéreo, o efêmero, o sombrio,
assim como todas as coisas o são.
Tenho em mim colidindo aos ventos de minha alma
toda a vontade de potência, toda a revolução preguiçosa,
o novo dia que há por vir e que ainda não deu as caras..
Ah, o porvir..
Deixo para amanhã..
Deixo para os deuses, sabe-se lá quem são,
Deixo para o código oculto da Natureza,
sabe-se lá se existe.
Deixo para toda a assimetria do Cosmos,
essa dança imperfeita da vida,
consciência íntima das coisas..
Porque dentro de mim resta a solidão perante o imenso dos céus
e quando olho para os planetas vizinhos, para o Infinito da noite terrível,
não há esperança de vida extracorpórea alguma,
apenas o cansaço dos sentidos e um sono profundo de mim.
Ah, o porvir..
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Quem sou eu
- F., Manoela
- Uma vírgula entre duas frases. O ponto é o limite que eu ultrapasso [...] Nasci para, incansavelmente, complementar o que já concluí.