terça-feira, setembro 26, 2006

A indústria do cérebro e a falência da liberdade

"Robôs, maquinários, homens-plásticos. Iguais, todos os parafusados que limitam a existência na fábrica da crítica. O mesmo estereótipo que padronizou os rótulos dos produtos estampou a inutilidade na fausta ignorância de cada olho com brilho metálico. A preparação externa, a sombra da beleza é apenas um grito do vazio - gruta dos ideais inexistentes. A figura eqüiparasita estrangula a cólera da esquizofrenia - um mundo conivente, que cria e descria a verdade. A maquiagem na face é o corante da fome. As estampas coloridas que veste, o uniforme da insensatez. Nos pés, a negação da terra virgem; o bloqueio do gigante que desperta a ira e preenche o celoma. A verosimilhança é tão frágil quanto a mercadoria envidrada - se fugir das mãos estravraza a quietude da anômala indiferença. Mas os sapatos. Ah, os sapatos! Os sapatos calçam a hipocrisia. E hão de caminhar pelos cacos partidos com o nariz que imita o sol. E tua terra, e tua bandeira, o decanso aveludado, irão enterrar-se entre os hinos da tua artéria. Adormecerão, e a fábrica, despertada e potente como a estufa da pleura, fortalecerá o seu comércio. Robôs, maquinários, homens-plásticos, todos envoltos pelo plasma da alienação. Estuprada a liberdade, nos resta o mercantilismo humano."

Um comentário:

Anônimo disse...

Ou Manoela a Mestra! Você é phoda(isso é algo muito bom)! Só queria ti dizer isso! Eu amo o que você escreve e o que ta escrevendo aqui, isso porque eu mal comecei a ler tuas "piras". Descobri toda esssa modernidade agora. Eu voltatei pra ler melhor ;] Eu amei as ligações com tempo, espaço e coisas primordiais da vida. "Quando o sol fazia 180º com o meu baricentro, foram e voltaram - a mesma força elástica que cedia, também cansava-se. Agora simplesmente voltam. Mas não pra dentro de mim, para algum lugar da minha caixa sonífera que eu não quero buscar." Eu amei isso! Sou teu novo Fã! Com efe maiúsculo mesmo! Beijo espanhola. Tô com saudades de ti. Até!